Registro de criação do jogo Jardim de Saudades



O Jardim foi a primeira criação do Saturnália, resultado do processo de elaboração de uma dramaturgia de um espetáculo de artes cênicas. Para criar a cena, nós precisávamos de alguns fragmentos de memória dos personagens, principalmente lembranças saudosas e queridas, para transformar em diálogos nas cenas, mas sem interferência autoritária do dramaturgo.

Para atingir esse objetivo, usamos a analogia da jardinagem com o cuidado de nossos afetos. A ideia é inserir os jogadores, sem criação prévia de personagem, dentro de um cenário introspectivo, bucólico e bonito: Um jardim.

Os jogadores, precisam selecionar livremente uma porção de fotografias antes do começo do jogo, e delas, formarem a ideia de seus personagens, também chamados de jardineiros. Eles carregarão essas fotografias consigo durante o jogo para usa-las juntamente com cartas de indicações como sementes das memórias que estão cultivando.

Espera-se que muitas das histórias que surjam sejam, na verdade, de gênese pessoal. O bleed, nesse caso, é interessante, mas não pode ser atingido através de coerção, o que resultaria no efeito contrário que se busca: uma experiência leve e tranquila.

Por ser um jogo introspectivo, o Jardim tem uma dinâmica de criação de fala como se fossem monólogos, e poucos diálogos diretos. Além disso, os jogadores não se movem livremente pelo cenário, mas por casas, como num jogo de tabuleiro de tamanho real. Esses cuidados foram tomados para que o ambiente se tornasse um facilitador do processo de improvisação de memórias, o que, para esse jogo específico, é mais importante que a própria dinâmica. O Jardim é um jogo para se jogar sem pressa, como que numa caminhada em um jardim florido. Um jogo de contemplação.

No final, os jogadores atingem o Portão, que é o limiar de todas aquelas histórias bonitas que viveram. Eles sabem que ao cruzar aquela última casa, deixarão para trás as coisas que mais amaram na vida. Esperamos, com isso, causar um impacto emocional interessante.

Para baixar gratuitamente o jogo Jardim de Saudades, acesse a página do jogo aqui.
Você também é livre para alterar, hackear, explorar diferentes possibilidades dele como quiser. Pedimos para que você conte para a gente como foi sua experiência jogando, e se houver alguma sugestão de alteração, erro gramatical, crítica ou elogio, entre em contato através de nosso e-mail.
Leia Mais ››

Mas afinal, o que é larp?



Falando superficialmente, larp, substantivo que nasceu da sigla de live action role play, e atualmente vêm perdendo as letras maiúsculas por estar sendo usado muitas vezes como um nome próprio, são jogos de interpretação em tempo real que simulam universos e situações, geralmente com narrativa colaborativa. É como se você vivesse aquela sua cena favorita do cinema em carne e osso, mas decidindo todas as falas e escolhas, sendo o personagem.

É uma forma de jogar que evolui dos RPGs de mesa, e vêm se consolidando de maneira tão única que muito se discute, hoje, sobre sua essência ser mais artística que simplesmente "mais uma forma de jogar". Tanto, que se aproxima muito do teatro. É um estilo de jogo tão complexo, rico e cheio de possibilidades que é difícil até de ser catalogado.

No intuito de ajudar os jogadores a compreender melhor como os jogos funcionam, a galera do NpLarp (Núcleo de Pesquisa em Live Action Role Play), criou um guia bem fácil de ser lido, que compartilhamos abaixo, para quem tiver interesse em aprofundar seus conhecimentos.


Foi para jogar larp que o Saturnália nasceu, e já está experimentando alguns jogos de criação própria, aqui em Dourados, no Mato Grosso do Sul. Se você tiver interesse em participar de nossos jogos ou quiser conhecer um pouco mais do nosso trabalho, pode entrar em contato conosco por nosso perfil de Facebook ou através dos e-mails e telefones do link contato aqui do blog. Vai ser um prazer ter você com a gente.
Leia Mais ››

Porque Saturnália?



Saturnália, festa itálica que prestava homenagem a Saturno, deus do tempo, filho de Júpiter e pai de Zeus, acontecia geralmente no solstício de inverno, onde uma conversão social muito curiosa ocorria: os escravos se comportavam temporariamente como homens livres e elegia-se, à sorte, um "princeps" - uma espécie de caricatura da classe nobre - a quem se entregava todo o poder. O "princeps" geralmente se vestia com máscaras e cores vibrantes, dentre as quais prevalecia o vermelho (a cor dos deuses).

De maneira semelhante, o larp dá aos homens, durante o tempo do jogo, uma horizontalidade virtual (mas não menos real). Todas as classes e diferenças sociais se equilibram, e mais do que isso: inspira nos jogadores a capacidade de criar vidas e mundos, e então desfazê-los. Dentro de um jogo, todos somos deuses, mesmo que entregues à sorte.
Leia Mais ››